Plain Language: a escrita direto ao ponto

Quantas vezes você já leu um enunciado e não entendeu bem o que estava escrito? Isso acontece porque não é muito simples colocar no papel, com clareza, aquilo que está tão cristalino na nossa mente. Em alguns setores, porém, escrever com pouca clareza chega a ser regra, como no campo do Direito. Quase sempre, são […]
Crédito: reprodução/internet

Quantas vezes você já leu um enunciado e não entendeu bem o que estava escrito? Isso acontece porque não é muito simples colocar no papel, com clareza, aquilo que está tão cristalino na nossa mente.

Em alguns setores, porém, escrever com pouca clareza chega a ser regra, como no campo do Direito. Quase sempre, são textos compreensíveis apenas por advogados, pois são recheados de jargão legal, de sinônimos pouco conhecidos, de ‘explicações’. Só que para o leitor leigo, que pode ser o próprio cliente, essa linguagem beira o incompreensível. Veja o vídeo abaixo:


O mesmo tipo de problema ocorre em boa parte de textos que governam a vida do cidadão comum, que precisa entender as regras do jogo para declarar seu imposto de renda, para assinar um contrato de trabalho, ou de compra da casa própria, de serviços bancários, de planos de saúde, de telefonia, de tanta coisa! Qualquer falta de entendimento pode lhe custar muito caro.

Mas afinal o que é Plain Language?

Foi para minimizar esses efeitos negativos, que já nos anos 40, brotou na Inglaterra, o desejo de uma escrita simples e clara para que o leitor compreendesse na primeira leitura. De lá para cá, a Plain Language, ou Linguagem Simples evoluiu, se espalhou, e vem ganhando força pelo mundo todo.

Em outubro de 2010, o então presidente Barack Obama assinou o Plain Writing Act, a lei da escrita simples: “(…) clara, concisa, bem organizada, seguindo as melhores práticas para o assunto, para a área e para o público-alvo”. Ela menciona o público-alvo porque entende que uma linguagem pode ser clara para um conjunto de leitores, mas não para outro.

Linguagem clara como um direito de todos

A lei da escrita simples reconhece que a linguagem clara é um direito civil; assim, foi aplicada a todos os documentos e informações presentes nos sistemas do governo dos EUA. Ela considera que um material está escrito em linguagem simples se o público conseguir:

  • Encontrar o que precisa
  • Entender o que encontra
  • Usar o que encontra para atender às suas necessidades

Para atingir este objetivo, há algumas técnicas:

  • Frases curtas
  • Palavras curtas
  • Palavras comuns
  • Voz ativa
  • Organização lógica, levando em conta como o leitor vai entender o que lê
  • Emprego de pronomes: ele, ela, você, …
  • Recursos de Design fáceis de ler

 

Linguagem simples, em bom português

No Brasil, a jornalista e pesquisadora Heloisa Fischer lançou Clareza em textos de e-gov, uma questão de cidadania, título de sua tese de pós-graduação em Cultura do Consumo defendida na PUC-Rio, em dezembro de 2017. É o primeiro livro em português que aborda o tema do movimento Plain Language para “facilitar a compreensão de textos que orientam cidadãos brasileiros em ambientes de governo eletrônico”.

Em 2011, uma lei brasileira impôs maior clareza à indústria farmacêutica no texto das bulas de remédio, que até então ignorava quem mais precisava entender: o paciente. Elas passaram a ser escritas em português corrente, ao alcance de qualquer consumidor, com explicações em forma de pergunta e resposta.  

Em condomínios de São Paulo, a linguagem simples tem feito a diferença. Quem sabe pode se aplicar também ao seu negócio.

Muito além da clareza por obrigação, empresas privadas vêm sentindo necessidade de adotar uma linguagem mais acessível em seus comunicados para conquistar consumidores, para melhorar a comunicação interna e externa, para ser mais lucrativa.

Sua empresa já despertou para a tendência mundial da escrita direto ao ponto?

 

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